A Comissão Técnica de Pecuária de Corte da FAEMG (Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais) tem novo presidente. É o pecuarista, advogado, vice-presidente da Faemg e presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Montes Claros, Ricardo Laughton. Ele substitui Paulo Emílio Carneiro que faleceu em setembro deste ano, num acidente automobilístico. Na reunião que oficializou a posse, o presidente da FAEMG, Roberto Simões, lembrou que o setor tem desafios importantes, como a criação de um Fundo de Defesa Agropecuária, que possibilitará o fim da necessidade de vacinação contra febre aftosa e implementação do Programa Nacional de Erradicação da Brucelose e Tuberculose: "Grandes estados produtores como Rio Grande do Sul, Goiás e Mato Grosso já deram esse passo. Não podemos ficar atrás". Disse esperar que a indicação de Ricardo Laughton, venha a dar uma nova dinâmica à Comissão devido a sua importância, visto ser o estado de Minas Gerais detentor do 2º rebanho bovino do país.

Honrado e sentindo-se "comprometido com a causa", o novo presidente lembrou que, em 2050, a previsão é de que o mundo tenha 9 bilhões de habitantes, o que significa uma necessidade cada vez maior por alimentos, esperando aumento substancial no consumo de proteínas animais, especialmente carne bovina. Disse ser necessário a preocupação com a produção de maneira sustentável aliando a conveniência de produzir carne com alta produtividade não impactando o meio ambiente negativamente. Ele disse que a pecuária de corte no estado tem grande potencial para crescer, mas alguns desafios precisam ser superados, como a recuperação de pastagens, a melhoria da gestão nas fazendas, a implantação de tecnologia, melhoramentos genéticos e a recomposição dos rebanhos, dizimados pela seca dos últimos anos. Ricardo informou ainda que Faemg sempre promove eventos voltados para a capacitação dos produtores e divulgação de novas oportunidades. Um exemplo foi o workshop sobre o uso da palma forrageira para alimentação dos rebanhos, realizado, recentemente, em Montes Claros.
"O uso da palma é uma opção para o semiárido porque trata-se de uma planta que precisa de muito de sol e de apenas de 150 ml de água para se desenvolver". O seminário contou com a participação do SENAR Minas (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), considerado pelo novo presidente como fundamental para o avanço da pecuária de corte no Estado. "Programas como o ABC Cerrado (voltado para o desenvolvimento da agricultura de baixa emissão de carbono) e os que promovem a recuperação de pastagens serão priorizados". Ele ouviu as demandas de cada região e se comprometeu a buscar soluções.
Membros deram sugestões

O superintendente técnico da FAEMG, Altino Rodrigues Neto, reiterou que, sem o Fundo de Defesa Agropecuária, o setor ficará vulnerável, com sérias dificuldades para comercializar com outros estados e impossibilitado de exportar. Uma proposta para funcionamento do fundo (que indenizará produtores que perderem seus rebanhos acometidos pela doença) já está em fase final de consolidação para que possa ser enviado à ALMG, como projeto de lei. A expectativa é de que isso aconteça já na próxima semana.
Do presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Janaúba, José Aparecido Mendes, ouviu que os pecuaristas norte-mineiros estão desestimulados com a perda de mais de 50% de seus rebanhos, a degradação das pastagens e a falta d'água. Segundo José Aparecido, a retomada dos trabalhos da comissão significa uma renovação da esperança. "Sua atuação é fundamental num estado que tem o segundo maior rebanho do país, com cerca de 23 milhões cabeças. "Precisamos, urgentemente, buscar linhas de crédito para que o produtor adquira matrizes a fim de recompor seus rebanhos".
Já o pecuarista de Muriaé, Rafael Campos, sugeriu que seja criado um programa de assistência técnica nos mesmos moldes do Balde Cheio, desenvolvido pela Embrapa e coordenado pela FAEMG com excelentes resultados para a pecuária de leite. Filho e neto de produtores rurais, ele lembrou que, hoje, com técnicas como pastejo rotacionado, confinamento e bom manejo do solo, é possível criar gado em muito menos hectares do que no passado. "É preciso disseminar este tipo de conhecimento", lembrou.
Para Cantídio Carlos Ferreira, vice-presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Governador Valadares, é fundamental que os produtores tenham acesso a boletins meteorológicos diários a fim de que possam tomar decisões com mais segurança. Disse ainda que a forma como os frigoríficos de sua região fazem os cortes dos animais tem interferido muito no peso e no preço final das carcaças. Ele sugere que haja uma padronização na forma de limpeza do animal na hora do abate.