Na noite da última terça-feira, 30 de julho, o Sindicato Rural de Montes Claros e o Sistema FAEMG promoveram uma reunião entre os produtores rurais do Norte de Minas e o Banco do Brasil. O objetivo do encontro foi discutir o crédito rural e o endividamento. Após uma breve apresentação sobre o Sistema FAEMG, feita pela coordenadora da assessoria técnica da entidade, Aline Veloso, os produtores puderam questionar a situação que está sendo enfrentada por eles na região.
Apesar de o gerente da superintendência estadual de agronegócios do Banco do Brasil afirmar que a instituição financeira é parceira do agronegócio, e que estava à disposição para receber os pedidos de renegociação ou prorrogação, diversos participantes relataram que os gerentes locais não receberam as solicitações. O presidente do Sindicato Rural de Montes Claros reforçou que a entidade precisou entrar com uma ação judicial para que os protocolos fossem recebidos. A liminar foi concedida pelo juiz no mês de junho, e a entidade aguarda a sentença.
Para o presidente do Sindicato Rural de Ubaí, Pedro Veloso, a reunião foi oportuna, mas vaga. "O Banco não nos apresentou respostas objetivas. Apesar disso, foi produtiva porque a situação que enfrentamos é muito pior do que se desenha. O gerente não tem autonomia para resolver nada aqui, mas esperamos que ele leve os questionamentos à diretoria", diz. Veloso também reforçou que a dívida é monstruosa, e muitos produtores tem que vender a terra para conseguir pagar as contas. Gilmar Pereira Araújo tem propriedade rural em Ubaí, e afirma que a presença da FAEMG e o apoio dos Sindicatos da região é fator decisivo para que o Banco dê um parecer sobre a situação. "Acredito que eles irão nos trazer uma solução, pois a seca assolou nossa região", diz.
Aline Veloso explica que o objetivo do encontro foi trazer o banco para entender e ouvir os problemas da região. "Esperamos que a instituição entenda a situação e busque uma ação específica para a prorrogação dos casos de crédito rural, renegociação ou devidos encaminhamentos", diz. "Nosso objetivo é a sensibilização, principalmente da superintendência. Como relataram muitos produtores, muitas vezes as agências não conseguem captar as demandas em específico e nem transmitir à superintendência o cenário que os clientes enfrentam". Ela afirma, ainda, que caso não haja êxito no diálogo, a FAEMG continuará com ações, encaminhando as sugestões ao Governo Federal, através da CNA, para que seja providenciada uma nova legislação ou uma nova oportunidade para resolver a situação dos produtores.
Juliano de Castro Maia é produtor rural de Claro dos Poções, filiado ao Sindicato Rural de Montes Claros, e afirma que a reunião foi positiva, mas que não foram apresentadas garantias por parte do gerente. "A resolução 4.660 é extremamente importante, porque entra em um local onde não há legislação. Aqui nós temos as pessoas que tem os contratos até 2011 sendo atendidos, e contratos após essa data que não possuem nenhuma condição especial e que o Banco do Brasil tem se negado a aceitar os pedidos de renegociação. A gente entende isso até mesmo como uma discriminação do Norte de Minas, que enfrenta uma enorme dificuldade, recebe a resolução e a mesma não é atendida pelo banco", afirma. "Estamos tendo muitos problemas com o atendimento, com respostas e com as renegociações. Fico muito satisfeito de o Sistema ter feito esse trabalho, junto com o Sindicato, trazido essas pessoas aqui. Não digo que a gente sai daqui mais tranquilo, mas pensando em buscar soluções juntos e, caso necessário, apoio em Brasília", afirma.
Para Antônio Edilson de Oliveira Nobre, presidente do Sindicato Rural de São João da Ponte, a reunião foi importante para a causa rural. "Acredito que o gerente da superintendência deu esperanças de que os problemas serão solucionados. José Luiz Veloso Maia, presidente da Sociedade Rural de Montes Claros, afirma que ficou decepcionado com o discurso. "Isso só aconteceu porque os produtores não foram recebidos como deveriam ter sido nas agências, e foram obrigados a entrar na justiça, que determinou que o Banco receba as propostas", disse. Ele afirmou, ainda, que a situação prejudicou a imagem da instituição. "Aquele banco do fomento, da esperança, não existe mais. Virou uma casa comercial, que não atende a região", concluiu.
O presidente do Sindicato Rural de Montes Claros, José Avelino, acredita que o momento foi muito importante para os produtores, que "puderam expor a situação de cada um, cobrar do banco, mostrar nosso trabalho e reivindicar o que é nosso direito. O banco ficou de nos dar uma resposta rápida, e tentar resolver a situação do produtor rural do Norte de Minas, que é difícil e precisa ser resolvida dentro de curto prazo", reforçou.
O superintendente comercial do Banco do Brasil em Montes Claros, Paulo Galvão, também esteve presente no encontro, e afirma que essa foi uma oportunidade de estar perto dos produtores e entender as demandas. "O banco está aberto pra receber as demandas e também para levar as propostas aos produtores", diz. Alguns casos específicos apresentados pelos produtores rurais foram anotados pela equipe de gerentes presentes no encontro, e foi garantido que as agências darão um retorno breve para os produtores rurais.